16/03/13

Comt a "Henrique Neto explica manifesto pela democratização" in 'A insustentável Leveza do Ser''

Este manifesto e tb algumas outras ideias que têm aparecido últimamente são pelo menos sinal de que algumas pessoas sensatas e éticamente saudáveis estão finalmente a ter a coragem de anunciar que o Rei vai nu.

Na minha opinião há um salto qualitativo no desafio intelectual que lançais no que respeita à  atitude básica de procurar culpados, que apenas favorece a irracionalidade generalizada. Também a simples revolta, uma 'tomada do poder' ou coisa que o valha resultarão em tragédias e perda de tempo.

A necessidade de uma estratégia é óbvia, mas antes de a discutir é necessária uma avaliação da situação e acho que ainda não vos désteis conta da amplitude do problema. Acho que Mário Soares, numa entrevista de Set de 2008, teve o palpite certo: disse algo como "Esta crise não é como as outras; esta crise é cultural". A lástima de ter um Miguel Relvas no governo - que Henrique Neto detecta por instinto - é um sinal de algo muito mais grave: os países ocidentais (do Hemisfério Norte) têm actualmente as populações de menor qualidade intelectual de sempre. Apenas os cidadãos próximos dos 60 anos de idade ou mais velhos foram ainda formados na cultura generalista de base e isso graças à teimosia démodèe das elites intelectuais que ainda tinham prestígio e influência política. A forma como a degradação se deu resultou da convergência de vários processos económicos e sociológicos (tenho um artigo em que tento discutir alguns), lentos e plurigeracionais. 

Nós não duraremos muito mais e não há já meios humanos para sanear em tempo útil este problema; por isso qualquer estratégia viável tem de ser desenhada para obter a adesão e ser aplicada precisamente por 'patetas alegres' do calibre do ministro José Relvas, que é um excelente exemplo do intelectual de sucesso destes tempos. Postas assim as coisas e continuando a existir alguma energia entre a 'brigada do reumático', alguém tem alguma inspiração útil? Isto é, que sirva para mais alguma coisa do que redigir o nosso testamento? Tenho encontrado algumas lúcidas (mt poucas), mas exigem uma coragem iconoclasta que vai para além do horizonte da análise subjacente a este manifesto!

Henrique Merino.










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